Indústria

O esporte como ferramenta de apoio para o sucesso educacional

Existem vários segmentos da educação onde o esporte tem sido uma ferramenta de apoio poderosa para crianças, pais e professores

O esporte como ferramenta de apoio para o sucesso educacional

30 de maio de 2022

6 minutos de Leitura

Por Ivan Ballesteros – CEO da Esporte Educa

Estudos comprovam que a prática regular de esportes e atividades físicas resultam em alunos com maiores notas, níveis superiores de concentração e menor estresse. Existem vários segmentos da educação onde o esporte tem sido uma ferramenta de apoio poderosa para ajudar as crianças, pais e professores a alcançarem o sucesso educacional.

Ao realizar uma análise das evidências científicas, devemos enxergar o esporte e a prática de atividades físicas, além dos três aspectos mais comuns aos nossos olhos: Competição, entretenimento ou modelagem do corpo.

No Brasil ainda existe uma percepção de que o esporte e o estudo não podem caminhar juntos, geralmente os jovens são obrigados a escolher entre um ou outro. Não por coincidência, as taxas de sedentarismo no Brasil crescem conforme a faixa etária aumenta. Existe uma crença popular de que praticar esportes na transição da adolescência para a vida adulta é perda de tempo e pode impactar negativamente no desempenho acadêmico e profissional. 

De acordo com o último Diagnóstico Nacional do Esporte, a faixa mais expressiva de brasileiros que abandonaram o esporte se dá entre os jovens de 16 a 24 anos. Isso é o mesmo que dizer que quase 90% dos brasileiros abandonam a prática esportiva até os 34 anos.

No entanto, pesquisas ao redor do mundo comprovam que essa visão é equivocada e mostram que o esporte é um grande aliado da educação e influencia diretamente em diversas áreas, são elas:

• Processo de Aprendizagem

• Cognição e trabalho cerebral

• Inclusão e socialização em sala de aula

• Concentração e atenção

• Saúde mental e redução de estresse

• Preparação para o futuro

• Softskills na prática

• Saúde física

A Universidade da Carolina do Sul e a Universidade Estadual da Pensilvânia realizaram uma pesquisa com 9.700 estudantes do ensino médio com idades entre 14 e 18 anos e os resultados apontaram que aqueles que praticam esportes coletivos são mais propensos a tirar notas melhores.

Um estudo da Universidade do Kansas analisou o desempenho acadêmico de jovens atletas e não atletas em todo o Kansas e evidenciou que a participação no esporte escolar está frequentemente associada a melhores resultados educacionais. Eles observaram dados de alunos do 9º ao 12º ano do período letivo de 2011-2012 em escolas de todo o Estado.

Existe também um artigo publicado pela BBC em que foi realizado um estudo com 5 mil adolescentes. Os observadores notaram que havia uma diferença entre os alunos que se exercitavam e os que eram sedentários, a conclusão final foi de que em média os praticantes de esportes se saiam melhor academicamente. 

As pesquisas mostram que os alunos praticantes de esportes tiveram notas superiores, maior porcentagem de frequência em aulas e elevados índices de aprendizagem frente aos não praticantes.

O estereótipo do “atleta burro” não é uma particularidade brasileira, isso também acontece em outros países ao qual o esporte tem dificuldades de se conectar com a educação. 

É fato que o Brasil carece de soluções e programas que incentivem a prática do esporte aliado a educação de forma efetiva, porém o nosso problema vai além desses fatores, temos o fator cultural. Enquanto a prioridade da maioria dos atletas famosos for a de influenciar os jovens com Trends dançantes em aplicativos do momento, teremos crianças mais preocupadas com coreografias do que com pautas importantes para o futuro do planeta.

Chegou a hora de as empresas, startups e a sociedade se engajarem junto às novas gerações de atletas e esportistas para realizar a união das duas principais ferramentas de transformação e desenvolvimento social: o Esporte e a Educação. Essa iniciativa vai de encontro à expectativa de um futuro melhor e mais próspero para todos 

Ao analisar mercado educacional, estamos olhando para um setor que pode atingir a cifra de US$10 trilhões até 2030, conforme o levantamento da HolonIQ, líder mundial em inteligência de mercado e impacto. Já no mercado esportivo, podemos concordar com Gustavo Hazan, diretor da EY: “Se o esporte fosse um país ele seria a 7ª ou 8ª maior economia do mundo. Este é um mercado de US$ 2.2 trilhões de dólares”. 

Por trás do sonho de se profissionalizar no esporte, representar um grande clube e, quem sabe, ser escalado pela Seleção Brasileira na sua modalidade, existem outras muitas variáveis. Isso pode simbolizar o auge do sucesso, porém esses jovens não conhecem a realidade de fato que, na maioria das vezes, é ocultada deles. Segundo as médias globais, somente 1% dos jovens vão conseguir se tornar profissional de alto rendimento. No Brasil, segundo relatório da CBF, 82% dos atletas profissionais de futebol ganham até um salário mínimo. Levando em conta que essa é a modalidade que mais tem investimento no nosso país, podemos concluir que o cenário em outras modalidades é ainda pior.

Portanto, fica evidente a importância da prática esportiva aliada à educação, não só como potencializador acadêmico com foco em melhorar a aprendizagem, aumentar as notas e gerar maior frequência nas aulas, mas também, preparar os jovens na construção de uma carreira; tanto para os 99% dos jovens que não conseguirão se profissionalizar, quanto para o 1% que se profissionalizarão. Somente com a inclusão da educação na trajetória esportiva, podemos garantir que esses jovens vençam, seja no esporte ou no mercado formal.

Ivan Ballesteros é CEO e fundador da Esporte Educa – associada ao Arena Hub e primeira Edusportech do Brasil com foco em reescrever a relação do esporte com a educação, no país. É pós-graduado em Gestão Estratégica pelo Mackenzie e pós-graduado em New Branding Innovation pela Rio Branco. Ivan foi jogador de futebol, com experiências no Brasil e na Europa, atuando em nível profissional, estudantil e amador. Sentiu na pele a falta de incentivo de quem busca se formar nos estudos e seguir como profissional no esporte. No segmento educacional liderou o setor de esportes, bolsas de estudo e captação de alunos em uma instituição de ensino superior e na indústria do esporte trabalhou na líder global em pesquisa de marketing esportivo e retorno de exposição das marcas em mídia, o IBOPE Repucom. 

Compartilhe