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A regra é clara: o atleta com formação e suporte educacional vai, sim, dar certo

Aqueles 99% que não se tornam atletas de elite, mas ampliam os horizontes, aumentam as chances de sucesso fora das demarcações esportivas

A regra é clara: o atleta com formação e suporte educacional vai, sim, dar certo
Ivan Ballesteros é CEO e fundador da Esporte Educa

06 de novembro de 2023

6 minutos de Leitura

Por Ivan Ballesteros

Vou contar uma história para vocês sobre como o esporte é uma válvula propulsora para profissionais bem sucedidos. Mas não é essa história que conhecemos, daquele 1% de atletas que chegam ao topo como jogadores profissionais. É sobre como o preparo educacional pode ampliar o campo de visão para uma realidade promissora, para além das demarcações dos campos, quadras, pistas, piscinas e tatames.

Eu, Ivan, sempre tive o sonho de ser um jogador de futebol de elite e comecei cedo a correr atrás de figurar entre aqueles que “chegam lá”. Quem sabe eu não vestiria a camisa da seleção brasileira ou levantaria a taça em um grande campeonato? Por algum  tempo tudo estava indo pelo caminho certo! Cheguei a me profissionalizar no Brasil e até jogar na Europa, em um time de divisões inferiores da Espanha. “Está tudo se encaminhando”, pensei. Mas isso foi interrompido! Sofri uma lesão crônica que me fez pausar definitivamente a minha carreira como jogador.

Voltei algumas casas no jogo da vida e, retornando ao Brasil, quais seriam os próximos passos? Tive que alterar a rota e minha única certeza foi a de que não queria tomar más decisões, como aconteceu com um amigo de clube que não teve as mesmas oportunidades que eu. Sempre tive suporte educacional da minha família e isso foi essencial para que me despertasse um olhar crítico sobre os atletas que, por diversos motivos, não chegam ao topo da carreira esportiva. 

E aqui, abro um parêntese para afirmar que mantenho meu otimismo em desafiar o famoso ditado brasileiro de que um atleta “morre” duas vezes: na aposentadoria e na morte real. Na verdade, o atleta não precisa vivenciar duas “mortes”. Ele pode, com certeza, descobrir um novo mundo e renascer.

Inclusive eu não tenho dúvidas de que meu “renascimento” aconteceu por perceber que ter estudado me ajudou a chegar mais longe profissionalmente do que alguns jogadores que, tecnicamente, tinham muito mais talento do que eu. Aos 13 anos notei a desconexão entre esporte e educação. De um lado, os clubes negligenciando os estudos e as escolas sem compreender a rotina diferenciada de alunos atletas, e, do outro, os pais enfrentando dificuldades financeiras, na maioria das vezes. A soma desses fatores limita oportunidades de formação educacional e crescimento pessoal.

O que percebo é a necessidade de abordar as questões críticas que afetam os clubes formadores no Brasil e encontrar soluções tanto para os aspectos de responsabilidade jurídica da Lei Pelé, quanto para praticar a responsabilidade social e educacional, seguindo critérios da agenda ESG em relação aos jovens. 

Isso é o que mantém a essência da Esporte Educa, principalmente, para conectar jovens atletas a instituições de ensino formal, além de ofertar a eles cursos de soft skills. Afinal, de todos que correm atrás dos sonhos como profissionais, apenas aquele 1% vai chegar a ser atleta de elite, celebrado como grande destaque. Então, é extremamente importante ampliar o acesso a uma formação, conhecimento e habilidades que os capacitem a lidar com as vidas social e profissional, dentro ou fora do universo esportivo.

Quando proporcionamos uma mentalidade mais ampla em relação à vida para essa turma que ingressa no esporte, estamos poupando a saúde financeira dos clubes. As instituições esportivas podem perder receita quando atletas tomam decisões ou fazem posicionamentos errados e perdem valor de mercado. Além disso, o país se torna descredibilizado e tem o espaço diminuído no cenário internacional.

Na Esporte Educa fizemos um levantamento sobre a imagem dos atletas e como isso influencia no bolso dos clubes. Percebemos que essa queda na moral e na saúde financeira acontecem, principalmente, devido à falta de investimentos dos clubes na educação de base e no desenvolvimento individual. 

Por isso, tomamos a iniciativa de preencher essa lacuna, promovendo a formação integral dos atletas, retirando a ideia do foco único no resultado esportivo e reforçando a importância da preparação para além das linhas dos campos, quadras, pistas, piscinas e tatames desses jovens atletas. Constatamos que a transição das categorias de base para profissional também apresenta deficiências significativas. Projetos educacionais fragmentados e iniciativas isoladas dos clubes acabam se tornando obstáculos ainda maiores. 

Quando tive que “pendurar as chuteiras” e dei forma à Esporte Educa, em meio à pandemia, me comprometi a oferecer soluções abrangentes e padronizadas para driblar estes desafios, com o objetivo de fortalecer, no Brasil, o sistema de clubes e instituições esportivas formadores e garantir um futuro mais promissor para jovens talentos. Aqui na Esporte Educa, a regra é clara: o atleta vai, sim, dar certo. 

Talentosos, dentro ou fora do ambiente esportivo, aqueles que recebem formação educacional de qualidade são capazes de abrir portas para oportunidades de negócios grandiosos. Mas vale lembrar que os clubes formadores desempenham um papel crucial nesse processo e queremos ajudá-los a amadurecer essa mentalidade e fortalecer o potencial como instituições incentivadoras e geradoras de jovens de valor, que atuam com propósito. 

Para não falar só de mim, tenho dois exemplos para compartilhar. No time da Esporte Educa, escalamos pessoas que já vivenciaram o esporte. A Lygia Carvalho, foi atleta federada de Handebol, mas percebeu limitações na carreira esportiva e optou por seguir por outro caminho e por investir na educação formal. O Paulo Alonso foi um dos primeiros atletas bolsistas que eu consegui ajudar antes mesmo de ter um CNPJ. Hoje, a Lygia é Head de Produto na Esporte Educa, e o Paulo é CFO. Juntos, somos responsáveis por promover mais possibilidades que aliam esporte e educação, desenvolvendo e aprimorando os projetos da Esporte Educa.

Tanto eu, quanto Lygia e Paulo, não desistimos dos nossos sonhos, nem fomos abandonados por eles. Simplesmente compreendemos que há um vasto mundo para explorar, repleto de oportunidades gratificantes tanto no âmbito esportivo quanto fora dele.

Seu clube está pronto para potencializar talentos e comemorar a entrada de novos campeões, CEOS, executivos, empreendedores no mercado? Se sim, estamos juntos nessa!

O esporte pode mudar o mundo. A educação transforma as pessoas. A Esporte Educa cria a união entre os dois.

Ivan Ballesteros é CEO e fundador da Esporte Educa é a primeira EduSportech brasileira com foco em reescrever a relação do esporte com a educação dentro do país. Fundada no final de 2020, em meio à pandemia, a Esporte Educa já avaliou mais de 3.000 esportistas e encaminhou 540 deles para instituições de ensino brasileiras.

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