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Dede: de (quase) reforço do Bayer Leverkusen ao patamar de ídolo do Borussia Dortmund

MKTEsportivo aproveita a final da Champions League e entrevista um dos maiores nomes da história do clube alemão

Dede: de (quase) reforço do Bayer Leverkusen ao patamar de ídolo do Borussia Dortmund

28 de maio de 2024

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No próximo sábado (1), Wembley será palco da decisão da temporada 2023/24 da UEFA Champions League. Enquanto o Real Madrid buscará o seu décimo quinto título da competição, o Borussia Dortmund chega em sua terceira decisão tentando a sua segunda conquista.

Sobre o lado alemão, toda vez que um determinado brasileiro pisa no gramado do Signal Iduna Park é ovacionado como se ainda fosse o lateral-esquerdo titular da equipe. Não é pra menos, afinal, foram 13 anos vestindo a camisa do Borussia Dortmund, cerca de 400 jogos e o eterno amor de uma das torcidas mais fanáticas do mundo. Este é Dede, que conversou conosco com exclusividade aproveitando esta semana especial.

O ex-jogador deixou claro seu entusiasmo com a presença do Borussia na grande decisão, lembrando que até mesmo jornalistas da própria Alemanha duvidavam que isso seria possível.

“Estamos bem entusiasmados com essa decisão. Como dizem em Dortmund: “a cidade tem um time”. Essa identificação, que é absolutamente surreal, foi fundamental para a equipe nessa campanha. Muitos não acreditavam no potencial do time, até jornalistas alemães duvidavam que a equipe passaria da fase de grupos da Champions League. E foi se fortalecendo a cada jogo e tendo um time merecedor. O clube mostrou que o futebol se joga dentro de campo e que tem qualidade para estar na final”, disse Dede, em entrevista exclusiva ao MKTEsportivo.

Para ele, é até difícil explicar sobre a sua relação com a torcida. Em sua despedida, o estádio ficou lotado e com ingressos esgotados rapidamente.

“É até difícil de explicar a minha relação com os torcedores do Borussia. No meu jogo de despedida, 82 mil ingressos foram vendidos em menos de duas semanas. Além disso, o clube não realizava uma partida de despedida há muito anos, então sem dúvida foi um grande momento. O que eu vivi com a camisa aurinegra o dinheiro não paga, não trocaria por nada”, acrescentou.

Curiosamente, nada disso poderia ter acontecido se ele escolhesse outra cor ao desembarcar na Alemanha: a vermelha. No caso, do Bayer Leverkusen. A opção do clube por outro grande jogador da época, segunda ele, “foi a melhor coisa que aconteceu”.

“Minha chegada no Borussia foi bem maluca. Em janeiro, assinei um contrato com o Bayer Leverkusen, onde pagaram US$ 6.5 milhões para o Atlético-MG. Na época, esse valor representava uma transação bem valorizada. O combinado é que eu iria em agosto. No segundo semestre, fui no clube, fiz exames médicos, bati foto com a camisa mas não fui apresentado, pagaram aulas de alemão para mim e fizemos todo o trâmite de um atleta já contratado. Em abril, Juan Figer, renomado agente do futebol, ofereceu o Zé Roberto, que na época estava no Real Madrid, consolidado no futebol europeu e que jogava na Seleção Brasileira, pela mesma quantia. E assim, apesar do prejuízo, o Bayer ficou com o Zé Roberto e eu caí em Dortmund de paraquedas. E isso foi a melhor coisa que me aconteceu”, detalhou.

A relação de amor e admiração de Dortmund com Dede pode ser explicada, também, pela opção dele em permanecer na equipe mesmo diante de um grande problema financeiro que o time passou. Ele, inclusive, renovou contrato aceitando reduzir o seu salário.

“Não fui acolhido em Dortmund pelos títulos. Durante a crise do Borussia, na temporada 2003/2004, o clube teve que reduzir o salário dos jogadores em 40 %. Eu aceitei reduzir, foi difícil pra mim, outros atletas optaram em ser vendidos, mesmo assim, os que deixaram o time não foram considerados traidores. Isso é algo muito interessante que aprendi na Alemanha. Quando comecei a aprender mais sobre a cultura, o idioma, percebi que a maioria das coisas que eles prometem, eles cumprem”, salientou.

Por fim, Dede também comentou sobre seu papel de ‘Lenda’ do Borussia Dortmund em ações de marketing e participações em eventos. Apesar de não ter um contrato, ele deixou clara sua gratidão em ter sua imagem utilizada pelo clube.

“A minha relação é bem próxima, mesmo não tendo nada fixo com o clube. Tive convite no passado, mas no momento prefiro estar livre. Apesar disso, participei do jogo das lendas, realizo sessões de autógrafos e atendo os torcedores. Então, agradeço ao Borussia Dortmund pelos compromissos e sou grato por utilizarem minha imagem até hoje”, finalizou.

Assista a entrevista completa com Dede, ex-jogador do Borussia Dortmund:

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